quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Perfeita para caminhar, Portland pode bem ser vista em 72 horas

Nem em 36 horas, como sugere o suplemento "Travel", do "New York Times", nem em 48 horas, nome do festival de cinema "The Portland 48 Hour Film Project", realizado de 10 a 12 de agosto.

No Estado do Oregon, pacata e compacta, com 375,8 km² e 590 mil habitantes, Portland (www.portlandonline.com ), à beira do rio Willamette, um afluente do Columbia, pode bem ser vivenciada em 72 horas.

Não dá para dizer que a cidade é "única", até porque há uma homônima importante no Estado do Maine, além de diversas outras nos EUA.
 Portland






Chamada indistintamente de "City of Roses" (cidade das rosas; www.rosefestival.org ), de "Beervana" (paraíso da cerveja) e até de "Soccer City" (cidade do futebol) e de "Puddletown" (cidade das poças, numa alusão às frequentes chuvas), "Portland, Oregon", que é como os locais a chamam, elucidando o Estado, foi fundada em 1845.

Incorporada à União em 1851, prosperou como porto e centro urbano que vendia suprimentos durante a Corrida do Ouro e exportava grãos.

Nas fachadas de arquitetura passadista, no comércio tradicional do centro e, também, nos antigos galpões de tijolos avermelhados de Pearl, o bairro da moda e dos ateliês, dá bem para identificar uma cidade típica do noroeste dos EUA que, já em meados do século 19, se conectou ao progresso como sede da Northern Pacific Railway, primeira ferrovia do país a fazer ligação transcontinental.

E, desde cedo ligada por laços comerciais à Nova Inglaterra, a maior cidade do Oregon é reconhecida pelas belas pontes (são dez sobre o rio Willamette) e pelas praças, com destaque para a Pioneer, espaço múltiplo e frequentemente tomado por manifestações políticas onde fica a estátua "Allow Me!" (1983), de J. Seward Johnson, bronze realista que mostra um homem de guarda-chuva atrás, talvez, de um táxi (ou tentando alcançar o bonde?).

TEM BONDE NA LINHA

Outro traço que distingue a pacata metrópole de ar cosmopolita é a excelência do transporte público e gratuito. Os bairros centrais, como Downtown/Chinatown e Pearl, e a região do Historic Waterfront, diante do rio, são ligados pelo Trimet, moderno trem de superfície, e pelo Max, um bonde que esquadrinha Portland sobre trilhos.

Já o suplemento novaiorquino "Travel", edição de agosto de 2011, recomenda os passeios ciclísticos (bridgepedal.com e portlandbicycletours.com ).

Quem não ousa se equilibrar em duas rodas e tampouco deseja andar só de bonde ou de trem urbano deve ler o guia "Walk There!" (ed. Metro), que, por US$ 9,95 (R$ 20), indica 50 caminhadas.

Portland é o que os gringos chamam de "walkable", feita para caminhar, e tem tours específicos para isso (portlandwalkingtours.com ).

Horizontal, com cem parques em áreas residenciais, foi denominada pelo guia "Lonely Planet" de "dinâmica, mas relax", e, com exagero, de "superstar city".

Nos arredores, o imenso parque Washington reúne sítios naturais e culturais, é sede do zoológico, de um múltiplo jardim japonês e do célebre parque de rosas de onde saiu tal apelido róseo que, infelizmente, inspirou até um tour excessivamente turístico, num ônibus cor-de-rosa, o Big Pink Sightseeing (www.graylineofportland.com ), que faz 11 paradas e cobra, por um dia, US$ 27 (R$ 55).

Evitando o tal tour pink e sem andar de bicicleta, a Folha bateu perna e usou bastante os transportes públicos (gratuitos) para sugerir passeios e locais para comer e beber passíveis de serem desfrutados em três dias.

E descobriu que Portland, alternando "oysterbars" ancestrais e bistrôs contemporâneos, está virando uma minimeca da gastronomia nos EUA, tendo sido chamada pela revista "Time", 2010, de "New food Eden" (ou novo Éden das comidas).


Ambiente do 'oyster bar' Dan & Louis, que está em funcionamento desde 1907

Mas, como nem tudo são rosas nessa cidade delicada e ainda pouco conhecida do viajante brasileiro, em outubro o tempo começa a esfriar e, em novembro, tem início a estação chuvosa, quando o panorama urbano, seguro e solar no resto do ano, tende a ficar úmido e sombrio, com menos gente passeando pelos bairros tradicionais e ao longo do rio Willamette.

É nessa região à beira-rio que Portland, quando não chove, veleja, vai a "wine-bars" e restaurantes,e faz jogging no Tom McCall Waterfront Park. Ali, ao norte da ponte Burnside, a Japanese-American Historical Plaza alude à deportação de nipo-americanos a campos de segregação.

A qualquer tempo, vale visitar essa praça-memorial, cujos marcos têm cenas calcadas em fotos que Dorothea Lange (1895-1965) fez nos anos mais que plúmbeos da Segunda Guerra Mundial.

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