quarta-feira, 25 de julho de 2012

Brasil investe em Portugal

Trata-se de investimento de alta tecnologia, gerador de centenas de empregos e com expressivo efeito multiplicador sobre a economia. É também investimento capaz de atrair novas empresas e ensejar a formação de um verdadeiro ‘cluster' aeronáutico na capital alentejana. O exemplo da Embraer reafirma, portanto, a posição estratégica de Portugal para os interesses de longo prazo dos investidores brasileiros.

Mais do que a facilidade da língua, os capitais brasileiros vêm em Portugal um mercado atraente. Trata-se de um país com consumo sofisticado, profissionais qualificados, integrado no espaço ibérico e no mercado europeu, além de possuir boas ligações logísticas com as demais nações lusófonas. Para as empresas portuguesas, contar com investimentos brasileiros facilita a obtenção de financiamentos e de posições comerciais em um mercado de grande escala, além de favorecer negócios em outras economias sul-americanas.

As oportunidades de negócios em Portugal mostram-se, assim, atraentes para empresas brasileiras em processo de internacionalização. Exemplos são as parcerias da Petrobras com a Galp e a Partex para prospecção de petróleo na costa portuguesa, além da produção de biocombustíveis em Sines; a aquisição da Cimpor pela Camargo Corrêa, que fortalece os negócios de ambas no mercado brasileiro e torna mais rentáveis suas operações internacionais; a compra da Lusosider pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), com considerável aumento da produção de aços planos; e a aquisição da OGMA pela Embraer, em processo que acabou por conferir resultados positivos a uma tradicional empresa portuguesa.

As privatizações portuguesas também têm atraído a atenção de investidores brasileiros. Depois da participação de duas importantes empresas - a Eletrobras e a Cemig - no processo de venda de 21,3% da EDP, considera-se mais de uma possibilidade para a aquisição da TAP, inclusive de capitais fora do âmbito do transporte aéreo. Também nesse setor é conhecido o interesse do grupo brasileiro CCR pela ANA. Na área da saúde, o grupo AMIL já foi pré-qualificado para os Hospitais da Caixa Geral de Depósitos. Por outro lado, a Andrade Gutierrez está cogitando participar da concorrência pelas Águas de Portugal, enquanto a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) já manifestou seu interesse pela CTT. Por fim, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo permanecem no foco de algumas empresas, à luz demanda brasileira por mais de duas centenas de navios mercantes, militares e petroleiros.

A confirmarem-se tais possibilidades, os investimentos brasileiros em Portugal, hoje estimado em três bilhões de euros, deverão aumentar significativamente. Encontrarão neste país um ambiente de negócios já bastante facilitado pela presença de empresas como Banco do Brasil, Banco Itaú e Banco Rural; TV Globo e TV Record; Odebrecht, Andrade Gutierrez e WEG Motores; o Boticário, H.Stern e Totvs, entre tantas outras que foram capazes de transformar o enorme capital político e cultural de nossa relações em negócios tangíveis, mutuamente vantajosos, geradores de riqueza e de empregos nas nossas economias.

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